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A 'república' do café com leite


Passei pela praça da República em São Paulo e me deu uma vontade de comer um pão de batata com catupiry acompanhado de uma xícara de chá com chocolate, conhecida como submarino nas lojas do ‘Rei do Mate’. Em frente, num café, pude notar que ali era encontro de jovens acadêmicos do curso de Direito da USP. Vendo esses jovens futuros doutores da OAB, e comendo meu pãozinho engasgando fui levado em pensamentos à nossa Proclamação da República e na política do café com leite um tempo em que nosso país deixando de ser imperialista passava a ser governado pelos Republicanos. A palavra república vem do latim Res publica e quer dizer "coisa pública". A origem da república está na Roma clássica, quando primeiro surgiram instituições como o Senado. No Brasil o Partido Republicano Paulista (PRP) Foi o primeiro Partido Politico no Brasil com representantes republicanos das classes conservadoras de várias cidades paulistas. Na maioria profissionais liberais (advogados, médicos, engenheiros etc.) e, sobretudo, por importantes proprietários rurais. O marechal Manuel Deodoro da Fonseca foi o primeiro Presidente Republicano no Brasil, era filiado ao Partido Conservador ou Partido Imperialista, e de confiança da Coroa Real. Brilhante estrategista militar. Em 1884 foi procurado pelo PRP para se afiliar a Entidade, mas não aceitou pois sua visão politica não era a mesma visão republicana, pois o partido Republicano estava começando a enfraquecer, e na eleição da Camara havia eleito apenas três representantes; dois destes futuros presidentes do Brasil. Percebendo que não conseguiriam realizar seu projeto político pelo voto, os republicanos optaram por concretizar suas ideias através de um golpe militar. Para tanto, procuraram capitalizar o descontentamento crescente das classes armadas com o governo civil do Império, desde a Questão Militar. Precisavam, todavia, de um líder de suficiente prestígio na tropa, para levarem a efeito seus planos.Foi assim que os republicanos passaram a aproximar-se de Deodoro, procurando seu apoio para um golpe de força contra o governo imperial. O que foi difícil, visto ser Deodoro homem de convicções monarquistas, que declarava ser amigo do Imperador e lhe dever favores. Dizia ainda Deodoro querer acompanhar o caixão do velho Imperador. Então os republicanos fizeram correr o boato, absolutamente sem fundamento, de que o governo do primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto havia expedido ordem de prisão contra o Marechal Deodoro e o líder dos oficiais republicanos o Tenente-Coronel Benjamin Constant - adepto do positivismo, em suas vertentes filosófica e religiosa. Tratava-se de proclamar a República antes que se instalasse o novo Parlamento, recém-eleito.A falsa notícia de que sua prisão havia sido decretada foi o argumento decisivo que convenceu Deodoro finalmente a levantar-se contra o governo imperial. Penetrando no Quartel-General do Exército, Deodoro decretou a demissão do Ministério Ouro Preto – providência de pouca valia, visto que os próprios Ministros, cientes dos últimos acontecimentos, já haviam telegrafado ao Imperador, que estava em Petrópolis - RJ, pedindo demissão. Ninguém falava em proclamar a República, tratava-se apenas de trocar o Ministério, e o próprio Deodoro, para a tropa formada diante do Quartel-General, ainda gritou um "Viva Sua Majestade, o Imperador!". Despertei dos meus pensamentos quando deixei cair o pão de batata sobre minha perna e abaixando-me olhei para os jovens no café e pensei, esses serão republicanos.

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